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A Lehmann tem o prazer de apresentar Lei do Solo, a segunda exposição individual do artista João Vasco Paiva (1979, Coimbra, Portugal) na galeria.
O texto original de Ricardo Escarduça, que acompanha a exposição, pode ajudar a compreender, em primeiro lugar e acima de tudo, a forma de trabalhar de João Vasco Paiva e como este questiona a natureza e a matéria com que opera. Propõe uma aproximação à sua obra através do conceito de “subtração”, que significa tanto retirar algo para evitar o óbvio (“notoriedade semiótica”) como explorar o desconhecido (“auscultar” o potencial da matéria), unindo estes sentidos numa forma única de se conectar com o mundo, que o aproxima e o afasta simultaneamente, deixando sempre algo por descobrir.
Escarduça refere, a propósito de Lei do Solo que o artista se centra em “instrumentos” — desde objetos naturais simples até criações humanas complexas —, onde a subtração é criação ao abrir novos caminhos, a partir do que está oculto. Acrescenta que o trabalho de João Vasco Paiva questiona a fronteira entre o natural e o artificial, recordando-nos a existência de uma “segunda natureza”, evocada pelo poeta romano Lucrécio. Segundo Lucrécio, com a agricultura surgiram gestos como arar e semear, que se tornaram tão enraizados que parecem tão naturais quanto a natureza original e inata do ser humano, levantando um paradoxo sobre a pureza e a existência de uma natureza primigénia.
Como paradigma de tudo o que foi dito, Escarduça conduz-nos à exposição Lei do Solo de João Vasco Paiva, na qual, utilizando técnicas como a hidrodinâmica e a aerodinâmica, o artista transforma manuais — de ferramentas agrícolas, urbanas ou antissísmicas — em esculturas, aguarelas e peças que transitam do simples ao complexo, demonstrando que criar é pensar problemas, não oferecer respostas, e é exatamente aí que reside a essência da sua arte.
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